Motores: Planos da Câmara do Porto para a orla marítimo irritam Movimento Salvar Circuito da Boavista

Circuito da Boavista

O movimento Salvar o Circuito da Boavista mostrou-se hoje “surpreso” e “descontente” com a reação da Câmara do Porto às suas declarações sobre o regresso do elétrico à orla marítima da cidade.

Na semana passada, em declarações à Lusa, um dos responsáveis pelo movimento considerou que o regresso do elétrico à orla marítima do Porto revela que “claramente existiam outras razões para não realizar o circuito da Boavista” em 2015 para além da suspensão do apoio financeiro pelo Turismo de Portugal.

Em resposta, a Câmara do Porto disse que nunca será no próximo ano que este meio de transporte voltará àquela zona da cidade, pelo que nunca o elétrico poria em causa as corridas em 2015, entendendo “não ser sério emitir considerações totalmente descontextualizadas da realidade que demonstram grave ignorância ou declarada má-fé".

Em comunicado enviado hoje à Lusa, os responsáveis por este movimento “manifestam o seu descontentamento por ser a primeira vez que a autarquia tem uma posição oficial quanto a este movimento cívico e apartidário” que quer “apenas contribuir para a discussão pública do tema e para a procura de novos formatos de exploração e financiamento que não dependessem de dinheiro públicos, no sentido de viabilizar o Circuito da Boavista após o corte do financiamento do Turismo de Portugal”.

Os responsáveis sublinham, contudo, que “o movimento não vislumbra alternativas ao referido troço do percurso do elétrico que, de acordo com a proposta do Plano de Estrutura [apresentado pela autarquia para a zona], usa o viaduto e contorna as duas rotundas [por onde passa o circuito] pelo exterior”.

“Este percurso, tal como está desenhado, atravessa o traçado do circuito na entrada e saída das rotundas e, provavelmente, causará um estreitamento da via no referido viaduto”, sustenta o Salvar o Circuito da Boavista.

O movimento destaca ainda que, com a colocação do elétrico, “não é 2015 que está em causa, mas antes o futuro do evento”, defendendo que “só a continuidade [do circuito] a longo prazo pode permitir amortizar os investimentos feitos até à última edição [de 2013] e vir a colher os frutos da notoriedade conquistada”.

“Além disso, é público que a EuroSport (promotora do WTCC – Campeonato Mundial de Carros de Turismo) pretendia a realização do evento em três anos consecutivos”, frisam os responsáveis.

Contactada pela Lusa, fonte da Câmara do Porto reafirmou as declarações proferidas na semana passada, garantindo que “o elétrico não põe em causa o circuito” e que “o plano [de Estrutura apresentado e que se encontra em discussão pública] não é definitivo e não tem prazo para ser executado”.

O movimento, criado em finais de outubro na rede social Facebook por um grupo de cidadãos que defende o regresso das provas de automobilismo à cidade, afirma ainda “que continua disponível para colaborar com a Câmara no estudo de soluções para o futuro do evento, se a autarquia assim o desejar”.

O movimento surgiu após a Câmara do Porto ter decidido suspender a realização do Circuito da Boavista em 2015, alegando que, face ao corte de apoios do Turismo de Portugal, gastar cerca de três milhões de euros numa prova de automobilismo poderia pôr em causa "as boas contas" do município.

A 28 de novembro foi anunciado que Vila Real vai receber o WTCC em 2015 e nos dois anos seguintes.

As corridas do Circuito da Boavista foram relançadas na cidade pelo anterior presidente da Câmara, o social-democrata Rui Rio, em 2005, inicialmente com carros históricos e depois com as provas WTCC.