A Bola Entrevista: O futebol que começou aos 15 anos e que já passou pelo Valencia
Aos 24 anos, ainda é difícil considerar que alguém tenha história para um livro, mas a de Cristiano é, na vertente futebolística, das que mais se aproxima. Ao contrário do comum dos jogadores, foi de forma bastante tardia que o guarda-redes da Académica se lançou para o campo, de forma peculiar e já com muito para contar.
''Ser guarda-redes é uma paixão
Começando pelo início futebolístico, foi apenas com 15 anos, e de forma acidental, que arrancou para uma carreira que, apesar de curta, está já repleta de altos e baixos, aqui contada na primeira pessoa.
«Comecei muito tarde, apenas com 15 anos. Foi num torneio de futebol, entre amigos. Precisavam de um guarda-redes e lá fui eu para a baliza. Daí fui para o Académico de Viseu», iniciou o conto, na conversa com o zerozero.pt. Do torneio para o clube com mais nome do distrito foi um 'saltinho', tal como daí para o clube de Coimbra, onde teve uma passagem curta, por ter infringido as regras.
«Por vezes, há coisas que nos acontecem e que não têm explicação. No ano a seguir estive aqui na Académica, mas só por seis meses. Porquê? Por culpa própria, não cumpri as regras que estavam estabelecidas no clube. E voltei a Viseu, indo para o Penalva do Castelo, onde surgiu a hipótese de ir para Braga... e aqui estou outra vez», simplificou, sobre o rebuliço que tem sido a sua carreira.
De forma mais aprofundada, a análise ao seu currículo deixa em destaque 2011/2012, já depois de se tornar sénior. No terceiro escalão do futebol nacional, cativou a atenção do poderoso Valencia, que avançou para a sua contratação.
«Eu estava emprestado pelo SC Braga ao Vizela e jogava com regularidade, o que me permitia ir aos sub-21. Estava em final de contrato com o SC Braga, a renovação não se deu e acabei por assinar pelo Valencia. Por um lado foi bom, só que, com o decorrer da época, as coisas complicaram-se. Tive uma lesão em cada joelho, o que me impediu de mostrar o valor que eles esperavam e que eu também contava mostrar», falou, sobre uma aventura de um ano apenas.
Com 20 anos, via-se numa realidade nova e numa equipa de proa no futebol espanhol. Só que a estadia foi curta, sem hipótese de uma segunda oportunidade: «Nestes clubes, talvez não haja espaço para segundas oportunidades. É chegar, ver e vencer, o que não aconteceu».
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Cristiano Figueiredo 2014/2015 |
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Segunda chance que foi dada pelos bracarenses, para onde voltou no ano seguinte: «Voltei a Braga, voltei a jogar na equipa B, na época passada era suplente, só que cheguei ao fim da temporada e falei com os responsáveis. Decidi que queria jogar, que tinha valor para isso, e disse-lhes que, se não contavam comigo para número 1, preferia ir para outro clube. Surgiu esta oportunidade [Académica] e vim com todo o gosto».
«Tive propostas de outros clubes da Primeira Liga, mas optei pela Académica por ser uma cidade e um clube que já conhecia e que me tratou muito bem no tempo em que estive aqui», continuou, na narração de uma carreira que se vai desenrolando de forma frenética, na procura da consolidação do nome Cristiano no primeiro escalão.
''Não tenho dúvidas que temos qualidade para estarmos mais acima na classificação
Na Académica para crescer
Foi nesse sentido que escolheu Coimbra e a Académica, onde tem jogado com regularidade (para o campeonato, apenas falhou o jogo contra o Benfica).
«Sinto-me bem. No geral, as coisas têm-me corrido bem. Pena no coletivo não estarmos a conseguir vitórias. Para aquilo que temos jogado, acredito que merecíamos ter mais pontos. Criamos as oportunidades, só que estamos numa fase em que qualquer erro da nossa parte resulta em golo dos adversários», falou, sobre uma equipa que tem apenas Gil Vicente e Penafiel com menos pontos.
Com um balneário que «é bom, com pessoas super educadas e responsáveis, sorte é a única coisa que falta», atribui o guarda-redes, natural de Penalva do Castelo, ele que se colocou totalmente ao lado do treinador, que tem recebido algumas críticas por parte dos adeptos conimbricenses.
«Os jogadores têm a convicção de que Paulo Sérgio é um grande treinador. Sem sombra de dúvidas que não é por causa dele que algo tem falhado», assegurou.
Depois da defesa, o ataque, ainda que nada de forma ofensiva. Cristiano terminou com uma abordagem aos adeptos do clube. Vincando que a sua prioridade é defender a baliza, com mil ou com 30 mil nas bancadas, o jogador deixou entrelinhas, odesejo do plantel em ver a plateia mais composta para um clube que, refere, tem poucos inimigos e fama de simpatia.
«As pessoas apoiam e gostam da Académica. Mesmo quem olha de fora da cidade, nota-se que olha para o clube com agrado, considerando que aqui as coisas são bem feitas. O opinião só pode ser boa. Não sei porque é que as pessoas não vão mais ao estádio, é sempre importante esse fator, mas eu, quando estou em campo, com estádio cheio ou vazio, quero é defender a Académica», terminou.